The Start #1
um certo e indeterminado dia, por entre multidões e correrias, algumas pessoas agitadas, movidas pela pressa, passavam por nós e tocados pela insensibilidade nos raspavam, pisavam, acotovelavam… e outras mais, sem se aperceberem, mas que acabavam por nos aborrecer… era escusado dizer ou fazer o que quer que fosse, as pessoas á nossa volta pareciam robôs, não sentiam, por vezes não ouviam e pareciam estar programados para… as pessoas pareciam obstáculos que tinham de ser contornados em todo o meu percurso, até ao destino… com esta situação todos os dias acontecera o mesmo durante aproximadamente uma hora até ao local pretendido, virara monotonia… passado algum tempo os robôs já eram facilmente deslocados da minha trajectória e o que me diferenciava deles também era facilmente ultrapassado… andava cabisbaixo sem perceber o porque de tais comportamentos… por vezes pensara ter-me tornado igual a eles, ou até mesmo invisível… as pessoas passavam por mim, vindo na minha direcção tendo ser eu a desviar-me para não se dar o tão desagradável e discutível encontrão… tudo acontecera como se eu não devesse estar ali, fazendo-me sentir a mais… todos os dias havia algo de novo que me aguardava em qualquer lugar, num certo e indeterminado instante… sem me aperceber do que aguardava… um certo dia, ou terá sido outro… enquanto me encontrava a aguardar para concluir o meu percurso, alguém se atravessou no meu caminho… caminhava na minha direcção… em câmara lenta, passo após passo, cada vez estava mais perto… o andar tão natural trazia consigo harmonia e transportava a doçura e a beleza que até á distancia se fazia notar… não sei se me teria visto na sua frente ou tampouco se teria reparado em mim… como se nada fosse tentei disfarçadamente mexer no telemóvel não querendo que soubesse que teria reparado em si, enquanto tremia era só o que eu sabia fazer… olhar á volta seria deveras inútil, nós estávamos subterrados não havia muito por onde olhar, a não ser para um retroprojector televisivo que passava anúncios e noticias repetidos, ou então videoclips... ou ainda para a publicidade exposta á nossa volta… nós e poucas dezenas de pessoas que tinham de seguir aquele trajecto até sairmos daquele buraco… para mim seria a ultima paragem… lá fora aguardava-me a poluição que já nem se fazia sentir no meu ser… mas de qualquer forma estava livre, podendo respirar á vontade tendo-me liberto dos robôs… enquanto entrava na ultima paragem olhei repentinamente para aquele olhar que se encontrava posterior a mim, com receio de que pudesse por algo em perigo… surgiu então nova oportunidade enquanto o transporte cambaleava e olhei novamente sentindo aquele olhar familiar… senti-me mais incomodado que anteriormente… não me arrisco a dizer que tivera sido a primeira vez, não sei quando foi nem irei saber… de outra forma senti-me observado e mais tarde perseguido… até mesmo quando aquele já não era o meu percurso… o olhar estava lá...
To be continued...